ZÉLIO DE MORAES & BENJAMIN FIGUEIREDO

Segundo os relatos que todos sempre ouvimos, Benjamin Gonçalves Figueiredo recebeu ordens do Caboclo Mirim em 1920, durante uma das sessões espíritas (kardecistas) que a família dele desenvolvia, determinando que aquela seria a ultima sessão espírita da família e que daquele momento em diante eles deveriam trabalhar com Umbanda.
Mas apenas em 1924, Benjamin Figueiredo funda a Tenda Espírita Mirim, quatro anos após ter recebido as ordens do Caboclo Mirim. Por onde esteve Benjamin nesse tempo?

Eu já havia ouvido uma versão que dizia que Benjamin teria freqüentado a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade (TENSP) dirigida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, o Sr. Orixá Mallet e Pai Antônio, que trabalhavam através de Zélio Fernandino de Moraes.

Agora, tivemos finalmente a oportunidade de ouvir uma antiga entrevista de Zélio de Moraes, que nos confirma este vínculo entre dois dos mais importantes baluartes da Umbanda, e explicaria o porquê de Benjamin Gonçalves Figueiredo demorar quatro anos para cumprir a ordem do Caboclo Mirim.

Na entrevista, Zélio nos conta que Benjamin passou a freqüentar a TENSP, a fim de se desenvolver na Umbanda, e se preparar para adquirir as condições de trabalho exigidas por Caboclo Mirim na missão que se anunciara.

Ouvimos na fita que, provavelmente ao fim desse período, a entidade Orixá Mallet, incorporado em Zélio, pegou Benjamin e o carregou nas costas por cerca de meio quilômetro, atirando-o na areia da praia. Ali cantou curimbas que ninguém entendia, enquanto Benjamin ia rolando na areia até a beira do mar. Então, colocando-o nos ombros, o Sr. Orixá Mallet adentrou o mar (e ambos não sabiam nadar). No fundo, o atirou ao mar, tendo, logo após o fato, dito a Benjamin Figueiredo que este já estava pronto pra trabalhar plenamente com Caboclo Mirim.

Na gravação há ainda o relato de como Benjamin Figueiredo conheceu outra entidade fundamental em seu desenvolvimento: o querido Pai Roberto. Na Tenda Mirim ouvimos várias vezes este Preto-Velho nos contar que realmente trabalhava muito com feitiçaria, até que Caboclo Mirim desse a oportunidade dele crescer e evoluir dentro da Umbanda. É o que ouvimos, com novos detalhes, o entrevistador Sr. João de Oliveira nos contar.

Ele conheceu a entidade Pai Roberto quando ainda trabalhava com um outro médium no bairro de Alcântara, São Gonçalo/RJ. Lá bebia whisky, fazia feitiçarias e trabalhos de magia... jogava até ponteiras de aço. Certa vez Benjamin estava visitando aquele terreiro, quando ouviu de Pai Roberto, incorporado naquele médium, que ele abandonaria o “cavalo” atual dele e que iria passar a trabalhar através da mediunidade de Benjamin, abandonando então os trabalhos de feitiçaria que fazia através de seu antigo médium, o que de fato ocorreu. Pai Roberto assumiria a partir daquele momento o seu lugar junto a Caboclo Mirim no desenvolvimento da Tenda Mirim.

Irmãos, o som é ruim, mas legível o suficiente para se entender os fatos aqui narrados, descritos a partir dos 17 minutos de gravação. Confiram:

http://registrosdeumbanda.wordpress.com/2010/05/05/a-ligacao-entre-zelio-de-moraes-e-benjamim-figueiredo